segunda-feira, 30 de setembro de 2019

[Intermissa quasi sermonem loquens]


hoje não sei de mim
nas prateleiras das lembranças
não me encontrei
nas molduras da vida
também não me achei
aonde estás verdadeiramente?!
nas masmorras do destino
ou na esperança de quem te salva?!
quem te há-de salvar se flutuas
nas horas do purgatório
purga que te lava a Alma
não a entregaste ao pecado?!
estás suspensa como um suspiro
uivado no Olimpo até aos confins da Terra.

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

[Annuntiatio qui iustificat]

sabes-me de cor
cada retalho meu
cada vislumbre no meu olhar
mas, será que me sabes  na intermitência
no antes e no depois
a sequência é um mero assessório
da eloquência do sentir
a vida não pode esperar
tatua o poeta na pele
o horizonte abraça o pôr do sol
no veludo dos meus lábios
anunciação do pecado
que nos há-de salvar!

[Altare vos sentio]

talha dourada 
 toda ela 
sou eu




 

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

[ Septem Warped Graphics ]

 das horas tardias
a pele sobreexalta em cada poro
o ímpeto da Luxúria
conjugado com a Gula 
e a Ira do sentir
a sofreguidão da Avareza que é pouca perante o desejo 
inundada por ondas de prazer 
solta com Vaidade um grito
 abafado pela vibrante excitação
rende-se num acto de Preguiça
 comedida pelas horas tardias
ornamentadas pelos sete pecados capitais
onde a Inveja jaz em deleite
numa pele rosácea



sexta-feira, 13 de setembro de 2019

[ Trabe lentus irrumasti lascivus]


susteve não sei se foi a respiração ou o acto em si
das linhas tenebrosas e de mares revoltos de sentires
náufrago solitário
sob o olhar atento da Lua
olha-te no seu reflexo
o que vês?!
o cangalheiro com a lamparina 
delírios teus, menina
a tua hora, são outras mortes
lentas e lascivas




segunda-feira, 9 de setembro de 2019

[ Omnium saeculorum, Amen ]




ela tem todos os sonhos numa caixa
perdeu a chave e a caixa também não é mais a mesma
a carpintaria dos sonhos está em liquidação
dizem que o sonho comanda a vida
 o liquidatário diz em asta pública que não tem salvação
a figura de Lucifer sobressalta, pesadelo sobrevoa
aterrorizado em confissão, diz que se deixou em tentação
Medusa o petrificou. 
A caixinha de música deixou de tocar, o alarido fez-se notar
amaldiçoados, tenebrosos, aterrorizados, mil coisas enfeitiçadas
ó Lua que te atreves  romper pela noite 
 as estrelas alumiam guiando o desnorte, 
ao raiar da aurora o Sol, calor da esperança
abençoados os que acreditam no que voltam a sentir 
para todos os séculos, Amém.


[Cupio et turbulentias]




é urgente
és urgente
dizem o veludo dos teus lábios
imóveis
mas falam
 dessa intimidade 
 sôfregos
 tempestades 
turbulentas de desejo



sábado, 7 de setembro de 2019

[ Abyssum irent in statera ]

 
da geografia das palavras
dos socalcos que percorres
feita criança descalça
sabes dos perigos
os precipícios são abismais 
irregular o que pisas,
equilibras-te?!



quarta-feira, 4 de setembro de 2019

[ Ego hodie carbo ]

 
 
hoje pinto preto
de tão negro que sinto
não toques, ainda está de fresco
mas, quanto tempo de secagem
se eu soubesse sobre futurologia
hoje estaria a colorir
com as cores mais garridas
que alguma vez o pincel ousou abraçar
hoje sou carvão
 


domingo, 1 de setembro de 2019

[ Innuit muta ]



passeia-se pelos palcos da vida
altiva aos olhares que em surdina
tecem as contas dum Rosário
ferve em laivos mudos
sorri num cumprimento
assertiva, nota introdutória.