os dias desfilaram ao sabor da brisa do tempo
e tu?
Lá fora, nevoeiro pingado
dentro de ti
uma aparente quietude
estremece ao primeiro acorde, agudo
como o voo da lembrança
recolher a si
numa escala ascendente ou descendente
numa clave de sentires
o mote é expresso a cada toque
solitário ou não
despojos de um dia
vertidos em notas de jasmim tragado em pele flamejante
A estação das cores quentes, das manhãs frescas
dos aromas inebriantes do reboliço das folhas
e do seu enamoramento entre o vento e a terra quente num fim de tarde
anunciação de uma aparente calmaria que jaz entre o meu olhar e o teu
ou será um consentimento da urgência da pele.
É assim que permaneces face a mim,
na doçura, numa provocação constante,
inocente,impenetrável.
E tu não sabes
In, Marguerite Duras- "O Homem Atlântico"
nunca nos viste assim
de pele rosada
entesada pela alvorada
afunda-se no orvalho
entre ímpetos vertiginosos
gotejando o néctar da bem-aventurança!
vai-se a lasciva mão devagarinho
"When you're layin' in my arms
And you do the things you do
So show me, show me everything you do 'Cause baby,
no one does it quite like you"
das horas vazias
dos socalcos que amparam
o fio ondulado do teu olhar
mergulha na languidez de quem te faz ficar
dedos que dedilham primaveras e contemplam memoriais
uma obra em curso , intangível quanto ao seu término.
Vive[Te] no hoje entre notas musicais de Maurice Ravel em " Bolero"
ou de Carl Orff em "O Fortuna"
Breathe life into this feeble heart
Lift this mortal veil of fear
Take these crumbled hopes, etched with tears
We'll rise above these earthly cares