quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

terça-feira, 23 de novembro de 2021

[ Frigus post meridiem ]

 
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
 
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
 
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
 
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
 
In,Sophia de Mello Breyner Andresen

domingo, 31 de outubro de 2021

domingo, 17 de outubro de 2021

[ Contremit ad primam chordam, arridet ]


Lá fora, nevoeiro pingado

dentro de ti

uma aparente quietude

estremece ao primeiro acorde, agudo 

como o voo da lembrança

 


 

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

[ Pellis spoliare sero post meridiem ]


 recolher a si 

numa escala ascendente ou descendente

numa clave de sentires 

o mote é expresso a cada toque

solitário ou não

despojos de um dia 

vertidos em notas de jasmim tragado em pele flamejante

 

sábado, 25 de setembro de 2021

[ videtur tranquillitas ]

 


  A estação das cores quentes, das manhãs frescas

 dos aromas inebriantes do reboliço das folhas

 e do seu enamoramento entre o vento e a terra quente num fim de tarde

anunciação de uma aparente calmaria que jaz entre o meu olhar e o teu

ou será um consentimento da urgência da pele.  

 

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

[ Pectus in deserto ]


 mergulha num mundo de segredos 

findos pela seda das palavras

despojados no baldio do teu peito 

 

 

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

[ Monologue, in densa nebula obumbratio ]


 

O denso nevoeiro dissipa-se entre o deve e o haver
 
há quantas luas
 
isso são detalhes
 
emergidos em tantos ontem
 
inox inoxidável, mas com um coração de manteiga, foda-se
 
momento álgido
 
fraturante e plural
 
relíquias guardadas
 
loucura, bem sei
 
demência nos olhos,talvez
 
veste-se entre tumultos esbugalhados de quê
 
a música não mais é a mesma,
 
como se o espaço fosse a elasticidade do tempo
 
complacente a cada sentir
 
essa indumentária não te sabe bem
 
não, o infortúnio do preto latejando o carmim
 
abre-se a carne no vazio das horas
 
fala-se do nevoeiro que desertou
 
entre os lábios na ânsia de se encontrar entre um poro e outro
 
porque há pele nada é efémero.
 


domingo, 1 de agosto de 2021

[ Anoitecer em Serralves ]

                                 

 Anoitecer sensorial e contemplativo

  " Serralves em Luz"

sábado, 31 de julho de 2021

[ Et tu nescis ]

 

É assim que permaneces face a mim,

na doçura, numa provocação constante,

inocente,impenetrável.

E tu não sabes

 

In, Marguerite Duras- "O Homem Atlântico"


quinta-feira, 29 de julho de 2021

 

Se hoje vieres ao meu sono

sussurra-me suavemente

rouba-me um sorriso nos lábios



 

 



quarta-feira, 28 de julho de 2021

[ Quid tu vides, quid senseris ]


  nunca nos viste assim

de pele rosada

entesada pela alvorada  

afunda-se no orvalho

entre ímpetos vertiginosos

gotejando o néctar da bem-aventurança! 



 


sábado, 24 de julho de 2021

[ In sero post meridiem ]

 

Dá-se a desarrumação das horas
Ao tardio amanhecer
Aconchegante desassossego
Que queima antes de acontecer

Da desarrumação dos sentidos
Abandonados ao deleite
A cada toque outrora esquecido
Nas mortalhas do desejo se aceita

Deixo-me desarrumar
Na continuação das horas
O luar beija a pele
Consentido ou não 
Não tarda em te beijar

Ah, doce beijo
Que ousas desnudar
Tu nem queiras ver
Para não teres que mudar

Temos uma vida toda
Seduzida ao entardecer 
Contemplada a cada toque
Sedenta de prazer 

Olho-te na aurora ensonada
Entre gotículas de suor
Sorvo-te para não mais largar
Um  suspiro de dor
Largado ao vento para este enamorar
Ah, se tu visses  a doçura deste olhar
Onde a lua beija o mar, sem permissão 
Porque é urgente amar!
 
 

sábado, 3 de julho de 2021

[ Hoc modo sunt dies ]

 

Há músicas que são intemporais
 no tempo e na alma
ao comentar o Legionário os olhos ondularam de saudade de revolta sei lá mais o quê.
 Há dias assim, ritmados de sons que tocam em modo " toggle repeat"
 
 
 

terça-feira, 8 de junho de 2021

[ Gloria fluctuationem iusto ]

 
Dos dias inquietos às tardes amenas
 
rasura[se] o tempo verbal na condição 
 
do lusco-fusco ou do brumaceiro 
 
anúncio ou síncope
 
anoitece num minuete de sentires 
 

domingo, 6 de junho de 2021

[...]

  Programa Cautelar

é uma bênção dos Céus! 



[Filomena Cautela eu dava-te um beijo de língua]

 

 

 

sexta-feira, 4 de junho de 2021

[ Qui ambulat in purgatorio Volatilis tactus ]


 vai-se a lasciva mão devagarinho

no biquinho do peito modelando
 
os dedos lestos vão desenredando
 
memória e amor e música e ciúme
 
 
 
In, Vasco Graça Moura " Vai-se a lasciva mão"
 
 

quarta-feira, 2 de junho de 2021

[ Ante desinit in noctem ]



 "When you're layin' in my arms

And you do the things you do 

So show me, show me everything you do 'Cause baby,

no one does it quite like you"

  

 

[ Adolebitque illud ]


 morte ou paraíso

simplesmente não há tempo para morrer

 

 

 


quarta-feira, 26 de maio de 2021

[ Praefatio Sermones dominicales ]

luxúria, volúpia, gula

 descida  ao purgatório

 profundo abismo 

prefácio da Bem-aventurança

 

 


segunda-feira, 24 de maio de 2021

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

[ De affectu, tumultus ]

 

 

Porque
não vens agora, que te quero

E adias esta urgência? 
 
 
 
In, Miguel Torga " Apelo"
 
 
 
 

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

[ De horis inanis ]


 das horas vazias

dos socalcos que amparam 

o fio ondulado do teu olhar

mergulha na languidez de quem te faz ficar

 


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

sábado, 30 de janeiro de 2021

[ Gratulationes mihi ]

 

dedos que dedilham primaveras e contemplam memoriais

 uma obra em curso , intangível quanto ao seu término.

Vive[Te] no hoje entre notas musicais de Maurice Ravel em " Bolero" 

ou  de Carl Orff em "O Fortuna"

 




sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

[ In matutino frigore conficiatur ]



Breathe life into this feeble heart

 Lift this mortal veil of fear 

Take these crumbled hopes, etched with tears 

We'll rise above these earthly cares