sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

[ Omni autem die in sempiternum ]


 «Não deixes nunca de viver o que quer que seja só porque sabes que vai acabar. Tudo é para ser vivido, mesmo aquilo que sabemos que vai acabar em breve. Principalmente isso. Pois tudo nos ensina, tudo nos faz crescer, tudo nos acrescenta, nem que seja experiência. E se mais nada podemos levar, pelo menos o ensinamento ninguém nos tira. Por isso vive. Tudo. Até ao fim.»

 

 

Raul Minh'alma, in " Todos os Dias são para sempre"

 

 

sábado, 12 de dezembro de 2020

sábado, 28 de novembro de 2020

[ Post semita tua ]

depois do adeus
morre-se nesse instante
ou
já era uma morte anunciada
só lhe faltava o ponto final

 

terça-feira, 24 de novembro de 2020

[ Details of compositum ex affectu ]


dos detalhes

dos pequenos momentos que são ouro

talhados no mais nobre sentimento

ora profano ora divino

adornos

 emoldurados na urgência do sentir

  

 

 

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

[ Uir gustando de affectus ]


 

em dia de São Martinho

vai-se à adega e prova-se o vinho

das castas Touriga Nacional e Tinta Roriz

seu rubor inflama odores 

consílio de sentires

a Baco

 degustação

do néctar da vida!

 


quarta-feira, 4 de novembro de 2020

[ Devinciuntur societate hosting ]


gosto deste meu entardecer
 onde o corpo despoja-se das vestes mundanas
 para albergar
 a intimidade da pele ao toque
 
 
 

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

[ Venite ad me hodie et cras ]


deixa-me partir no hoje e no amanhã

porque do ontem parti para o agora

no intervalo deste tempo

vagueei nas brumas das lembranças

deixa-me partir no hoje e no amanhã

porque agora parto umas horas 

retalhadas na intermitência desta loucura

deixa-me partir no hoje e no amanhã

porque nestes minutos parto

numa rodilha do tempo

que não sabe conjugar o tempo verbal

perdido algures nesse intervalo de tempo

deixa-me partir no hoje e no amanhã 

porque nestes segundos vislumbro

no limiar esta insanidade de tanto te amar

deixa-me partir no hoje e no amanhã

sem equacionar o deve e o haver

deixa-me partir no hoje e no amanhã

parir os retalhos e almejar a luz do teu olhar


segunda-feira, 19 de outubro de 2020

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

[ Ut ex ipsa inertia est amor mercenarius ]


 

 às vezes também é isto

dormência envolta numa inércia 

por vezes acre, outras mercenária em parte incerta

 





terça-feira, 6 de outubro de 2020

[ Tales clandestina fuerint coniugia pellis ]


 vésperas retalhadas em sendas

 tipo roteiro

 desalinhado em tantos "ontem" e de outros tantos "hoje"

 o que fica

 nesta mortalha confinada ou adiada pelas convenções moderadas

 na clandestinidade da pele

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

[ Teneris cava digitis Pale ]


Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.

 

In, Florbela Espanca " Mistério"

[ In a valde mane ]

 


"Não sei a quem se destina o sorriso,
 mas
 alguém há-de encontrá-lo um dia destes!" 


[António Lobo Antunes]

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

[ Cutis mea adustis dexterioribus ]


 

 arde-se-me a pele

mas,

 não é do bafejo da manhã

há urgência, desmedida, talvez

mas,

arde-se-me a pele

latente de saudade

contemplativa na ponta dos dedos

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

[ Quod tempus animo gerit ]


 

há em ti todas as estações do ano,

 mas a que te veste a alma é a estação das cores quentes,

 dos murmúrios das folhas espraiadas ao vento,

 do cheiro a terra molhada,

 das castanhas assadas e apregoadas pelo vendedor.

 Inebriantes misturas de cheiros de emoções, também.

 Sabe-me a nostalgia, a introspecção,

 quiçá uma montra remodelada. 

Manhãs incertas entre pingos de chuva e raios de sol tímidos,

 fins de tarde mais arrepiados e noites mais aconchegadas.

 Sobra tempo ou será que nos damos mais ao tempo?!sabe a calmaria,

 é Outono.    

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

[ Perseverare absque testificati sumus ]

de olhar perdido no negrume da noite
 onde jaz o dia quente e cristalino
 este insuportável contraste
 dissimula-lhe o presente, 
persistir sem insistir.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

[ Nuper ab horis ]

a saudade mora em mim
se perguntasse agora à Lua
 que alumia o negrume do meu quarto
 irrompendo numa palidez estridente
 vagueio entre uma nesga de luz
 que saudade trará consigo?! 
Pergunta às estrelas que guiam até ao infinito
 não será essa a definição de saudade.
 Deixo-me seduzir nesta luta desigual
 perco-me no firmamento
 padeço desse mal.
Saudade pode ser também um bolo de sonhos
 que está em constante levedação.

sexta-feira, 31 de julho de 2020

[ Curia ministerium suum implent sensuum ]

do olhar casto
ao toque lascivo
 lamparinas
alumiam
a descida ao inferno
cúria dos sentidos
paraíso dos bem-aventurados   

 

terça-feira, 28 de julho de 2020

[ Levis est novaculata ]

[Lizard Point, Cornwall,by Alaska]


no meio de um turbilhão
de nascentes lembranças
uma nesga de luz
irradia o olhar
talvez seja Esperança
mas, fica a quem de
 quem se quer despertar
será o negrume 
uma fenda que jaz 
no horizonte do teu olhar 
jorrando o sal da vida

  

segunda-feira, 20 de julho de 2020

[ Quam tu vides ]

a manhã despertou num lusco-fusco
embrulhada  numa neblina angelical
inevitavelmente um sorriso 
num acto de clemência 
olhou furtivamente
o som da aldrava ecoou 
eriçando-lhe o Outeiro  
aspereza [con]sentida 

quarta-feira, 15 de julho de 2020

segunda-feira, 13 de julho de 2020

[ Tanita Tikaram - Twist In My Sobriety ]


"I don't care about their different thoughts 
 Different thoughts are good for me 
 Up in arms and chaste and whole"
 

sexta-feira, 10 de julho de 2020

terça-feira, 7 de julho de 2020

terça-feira, 30 de junho de 2020

segunda-feira, 22 de junho de 2020

[ Ad initium redire ]

...
E chego ao fim
para voltar ao princípio, decorando
o que já sei, e é sempre novo
quando o leio na tua pele.
 
 
Nuno Júdice, in "Leio o Amor"

terça-feira, 9 de junho de 2020

[ Nimis exaltatus videre ]

dos detalhes
que talhas nos tons dourados
entre salpicos mesclados 
deslizam suavemente
sobre uma pele eriçada 
vislumbre inquietante
entre aromas 
 com notas de canela e pimenta caiena
inebriante deleite
despojado 
no espelho dos desejos
naufragado no
abismo mais-que-perfeito


abyssus abyssum invocat

"abyssus abyssum invocat", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/abyssus+abyssum+invocat [consultado em 09-06-2020].







quinta-feira, 4 de junho de 2020

[ Et pulcherrima vultus ]

Não fiques em terreno plano.
Não subas muito alto.
O mais belo olhar sobre o mundo
Está a meia encosta. 
 
 
Friedrich Nietzsche, in "A Gaia Ciência"

sexta-feira, 29 de maio de 2020

sexta-feira, 22 de maio de 2020

[ Anima heraldi ]

quis o universo que se escrevesse nos arautos da alma
 com ferros em brasa
 para que se perpetuam por toda a eternidade.







segunda-feira, 18 de maio de 2020

[ Ad inceptum tuum praesul ]

a cada dedilhar 
uma nota solta do pensamento
sem destino e destinatário
jaz algures 
entre as brumas e o limbo 
a cada pulsar
um ponto cardeal
regressas ao teu prelado

[ Seneca women scriptor ]

do fandango das horas
que se querem espraiar
contidas por certo
não vá o Universo dissertar
não a melodia dos sentires
não a dança desalinhada entre vontades
mas, confinada ao fandango das horas
que rebeldia te apraz
se a dança não é a valsa ou foxtrote
então deixa-te levar
jaezando no singular feminino 
 
 
 

quinta-feira, 14 de maio de 2020

[ Essentia est ]

sabes que não é um pedido
sabes que não é uma exigência
sabes que é vital
os detalhes do momento
perpetuam no balsamo da vida
no sal da pele
que te embriaga
num querer sem tamanho
mapeado pelas coordenadas a cada florar
desbravando vontades contidas
despojadas a cada sentir
sabes que és essência no haver
debitada num rácio onde
 o ponto de equilíbrio é singular
 
 
 
 

terça-feira, 12 de maio de 2020

[ Nocte praedam ]

da aurora fresca e iluminada
despojada da mortalha da noite
tecida no breu dos murmúrios
pedentes, dizes
 

sexta-feira, 1 de maio de 2020

[ Ut beati sint aetatis ]

«Existe somente uma idade para sermos felizes, somente uma época na vida em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realizá-los, a despeito de todas as dificuldades e obstáculos. Fase dourada em que podemos criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança [...]
Tempo de entusiasmo e coragem em que os desafios são mais um convite à luta que enfrentamos com a disposição de tentar algo novo, de novo e de novo, e quantas vezes for preciso. Essa idade tão fugaz da nossa vida chama-se
 PRESENTE...»


In,Mário Quintana,A Idade de Ser Feliz