quinta-feira, 22 de outubro de 2020

[ Venite ad me hodie et cras ]


deixa-me partir no hoje e no amanhã

porque do ontem parti para o agora

no intervalo deste tempo

vagueei nas brumas das lembranças

deixa-me partir no hoje e no amanhã

porque agora parto umas horas 

retalhadas na intermitência desta loucura

deixa-me partir no hoje e no amanhã

porque nestes minutos parto

numa rodilha do tempo

que não sabe conjugar o tempo verbal

perdido algures nesse intervalo de tempo

deixa-me partir no hoje e no amanhã 

porque nestes segundos vislumbro

no limiar esta insanidade de tanto te amar

deixa-me partir no hoje e no amanhã

sem equacionar o deve e o haver

deixa-me partir no hoje e no amanhã

parir os retalhos e almejar a luz do teu olhar


4 comentários:

  1. Perséfone,

    Hoje ou amanhã, pouco importa!
    O tempo não existe!
    O que há é uma espécie de grau zero universal,
    lugar secreto do caos que se ergue
    inexoravelmente diante de nós,
    como um beijo apressado, sem sabor.
    Tudo o mais é ilusão!...
    Hoje ou amanhã, o tempo é uma melodia breve
    o eco de um amor mudo no incêndio dos olhos!
    E quantas vezes o tempo nos atira para fora dos nossos sonhos!...

    Beijos!

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    1. A.S.,
      o tempo é intemporal neste meus monólogos.
      Obrigado por me acrescentares sempre mais um pouco.
      Um sorriso numa boa tarde desejada :)

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  2. Um belo post, repleto de pensamentos de amor.

    Bom dia, Perséfone:)

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    1. Legi,
      estes meus monólogos desnudam-me, nem sei se isso é bom.
      Não podemos viver sem Amor, seja ele na vertente que for.
      Uma tarde calma por aí. Um sorriso :)

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