quinta-feira, 26 de setembro de 2019

[Annuntiatio qui iustificat]

sabes-me de cor
cada retalho meu
cada vislumbre no meu olhar
mas, será que me sabes  na intermitência
no antes e no depois
a sequência é um mero assessório
da eloquência do sentir
a vida não pode esperar
tatua o poeta na pele
o horizonte abraça o pôr do sol
no veludo dos meus lábios
anunciação do pecado
que nos há-de salvar!

6 comentários:

  1. Respostas
    1. Andam de mãos dadas como uns eternos namorados!
      Olá, Impontual

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  2. A vida não pode esperar, e o amor muito menos.

    Sorri, Perséfone:)

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    1. Legi, deixo-te aqui um pensamento um quanto longo do Poeta, Sacerdote e Professor José Tolentino Mendonça:
      Atravessar etapas de crise

      Atravessar etapas de crise não é necessariamente mau: permite-nos um olhar a que ainda não havíamos chegado, permite-nos escutar não apenas a vida aparente, mas a insatisfação, a sede de verdade e de sentido, e passar a assumir uma condição mais activa e assumida. Mudar não significa tornar-se outro, mas fazer uma experiência mais autêntica de si. No fundo, só mudamos quando nos encontramos. Não nos escutarmos, até ao fim, isso sim é desperdiçar uma preciosa ocasião para aceder àquela profundidade que pode devolver sentido à existência. Talvez precisemos descobrir que, no decurso do nosso caminho, os grandes ciclos de interrogação, a intensificação da procura, os tempos de impasse, as experiências de crise podem representar verdadeiras oportunidades. Quanto mais conscientes dos nossos entraves, limites e contradições, mas também das nossas forças e capacidades, tanto mais podemos investir criativamente no sentido da nossa identidade. Isso implica uma mudança de ponto de vista sobre nós próprios e o mundo, e advém daí naturalmente uma instabilidade face a modelos que se tinham por adquiridos.
      Os partos indolores são uma manifestação. Quem tem que nascer prepare-se para esbracejar. Há um momento em que aprendemos que vale mais prestar atenção àquilo que em nós está a germinar, num lento e invisível ( e inaudível) processo de gestação, do que àquilo que perdemos.

      Desculpa esta minha delonga, sorri Legi, sorri :)

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